sábado, 26 de dezembro de 2009

Movimento voluntário!

Por que contribuir com uma causa social?
Voluntariado não tem nada a ver com obrigação, com coisa chata, triste, motivada por culpa. É uma experiência espontânea, alegre, prazerosa e gratificante. Ao mobilizar energias, recursos e competências em prol de ações de interesse coletivo, o voluntariado reforça a solidariedade social e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e humana. “Hoje não existem movimentos específicos, mas trabalhos que dão belos resultados, como na AACD, que conta com mais de mil voluntários. No início, os médicos de lá não entendiam a ação deles, que hoje são vistos como fundamentais para tudo no local”, diz Maria Lúcia Meirelles Reis, diretora do Centro de Voluntariado de São Paulo, o primeiro fundado no País.

Acreditar é ajudar!
As principais ações voluntárias hoje são nas áreas de saúde, educação, cultura, esportes, assistência social (creches e moradores de rua), cultura e defesa do direito dos cidadãos. Atualmente, também segundo o Censo de
2005, o Brasil conta com 53% de voluntários homens e 47% mulheres. Essa e outras pesquisas realizadas sobre o tema apontaram que mais de 60% dos brasileiros entrevistados disseram possuir desejo de trabalhar como voluntários. Se você é uma dessas pessoas, comece já, pois o trabalho voluntário é uma experiência aberta a todos. Não é só quem é “especialista” em alguma coisa que pode ser voluntário. Muito pelo contrário: todos podem contribuir, a partir da ideia de que o que cada um faz bem, pode fazer bem a alguém. O que conta é a motivação solidária, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil. Cada um contribui na medida de suas possibilidades, com aquilo que sabe e quer fazer.

Voluntários da pátria
O voluntariado surgiu no Brasil no século XVI, quando organizações religiosas, na sua maioria católicas, introduziram esse tipo de atividade em instituições ligadas à saúde – as chamadas Santas Casas –, seguindo o
modelo trazido de Portugal. A primeira Santa Casa de Misericórdia foi implantada em 1543. Durante muitos anos, o trabalho era essencialmente feminino. Em 1930, o Estado passou a desenvolver políticas públicas
voltadas à assistência social, atuando nas instituições filantrópicas. De acordo com o livro Doações e trabalho voluntário no Brasil, das autoras Leila Landim e Maria Celi Scalon, a média de horas doadas por um voluntário
brasileiro é de 74 horas/ano, ou seja, 6 horas/mês. Destaca-se que 31% dos voluntários são jovens, na faixa de 18 a 34 anos de idade e, nos últimos 5 anos, o voluntariado jovem cresceu de 7% para 34%.

Por Bartira Betini
Fonte: Revista UMA/ed.108
Foto: Símbolo Imagens
Extraído de http://itodas.uol.com.br/Portal//final/materia.aspx?canal=298&cod=8189 em 26/12/2009 às 23:18

domingo, 6 de setembro de 2009

Mãos à obra - Emílio Odebrecht

Há algumas semanas, tratei aqui de um assunto que rendeu várias manifestações de leitores.
No texto, sugeri que profissionais maduros já aposentados, curtidos por anos de trabalho em empresas privadas, pusessem a experiência que acumularam a serviço da coletividade.
Dentre as mensagens que recebi, de profissionais e de empresários que já foram sucedidos em suas empresas, algumas pediam sugestões sobre como e o que fazer.
Há vários modos. Colaborar com a administração da cidade ou mesmo do bairro onde se reside é um deles. Penso em urbanistas aposentados, contribuindo para que tantos espaços vazios que vemos por aí, entregues ao abandono pelos municípios, sejam transformados em áreas de convivência e embelezamento local – coisas que, havendo criatividade, sempre se consegue fazer com pouco dinheiro.
Sei de executivos que estão dedicando tempo a treinar diretores e professores em técnicas de gestão – de pessoas, orçamentos, compras etc... – aplicáveis a escolas públicas.
O Movimento Brasil Competitivo, uma organização privada, criada por importantes empresários brasileiros, tem dado contribuição relevante para a qualificação de administradores em ministérios, governos estaduais e prefeituras.
Ao longo de uma vida profissional, em uma ou mais empresas, aprende-se muito sobre o valor do trabalho – e também sobre como fazer o trabalho criar valor, ou seja: de quais maneiras pode-se mudar para melhor o mundo que nos cerca através da ação produtiva coordenada e metódica. Parece banal, mas esta percepção anda escassa em muitos ambientes.
Há também muito para ser feito para além da esfera estatal.
Empresários aposentados podem, com pouco capital e boa disposição, criar pequenas oficinas profissionalizantes para formar jovens para a vida, pelo trabalho.
É o que meu pai, Norberto Odebrecht, já perto dos 90 anos, vem fazendo em 14 municípios do Baixo Sul da Bahia, engajado nos programas da Fundação Odebrecht.
Sua dedicação atual é a educação de moças e rapazes daquela região, de modo que encontrem ali as oportunidades que precisam para desenvolver os talentos que têm.
Eu, desde que deixei minhas funções executivas, tenho me dedicado, entre outras coisas, a participar de um projeto na área de pesquisa científica, destinado à produção de drogas contra o câncer.
Enfim, os exemplos existem e naquele artigo quis provocar quem chegou à terceira idade para um despertar de consciência: enquanto o ócio improdutivo deprime, uma boa causa nos mantém vivos e revigora.

(Texto extraído do Jornal Folha de São Paulo, edição de 06/09/2009)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dados alarmantes

Um bilhão de pessoas. A projeção apresentada ontem pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) rompe mais do que uma barreira simbólica: mais de 15% da população mundial sofrerão de desnutrição neste ano. Segundo o relatório, o grande vilão da vez é a crise financeira mundial e seus impactos nos índices de crescimento da economia global.

Ainda, segundo a FAO, os alimentos tiveram um aumento considerável desde 2006 (24%) devido à elevação da demanda nos países desenvolvidos. E, para alguns analistas, a entrada no cenário mundial de um bilhão de consumidores chineses teria sido a gota d’água. Mas, há contradições: como um sexto da população pode estar desnutrida – número superior ao encontrado em 2008 – enquanto a produção de alimentos vem aumentando?

A questão parece ser mais complexa e de ações de curto, médio e longo prazos. As raízes do aumento da fome no mundo estão muito mais atreladas à falta de renda das famílias do que a uma suposta escassez de alimentos. A concentração de praticamente todos os subnutridos em países em desenvolvimento, conforme informa o relatório, aponta para a necessidade de implementação de políticas estruturais de erradicação da miséria.

Mas, emergencialmente, os organismos internacionais multilaterais precisam assumir a gravidade da situação, traçar ações coordenadas e intensificar a ajuda aos países em desenvolvimento, seja com recursos e alimentos, seja com investimento/financiamento em tecnologia para produção de alimentos.

Nós podemos ajudar! Há 16 anos o nosso saudoso Betinho afirmava: “Quem tem fome tem pressa.” Após uma luta incansável junto com outras instituições da sociedade civil, pudemos observar a implementação de políticas públicas emergenciais de combate à fome no Brasil e os resultados na diminuição da desigualdade de renda, apesar do alto grau de desigualdade social ainda existente. Hoje discutimos quais são as modificações estruturais necessárias para cortar o efeito entre as gerações do ciclo da miséria. Políticas sociais universais ancoradas na defesa da educação fundamental de qualidade é o que defendemos.

Ao lado da crise econômica mundial temos, ainda, os efeitos das mudanças climáticas globais (quem teve a oportunidade de ver, no último dia 05 de junho, o lançamento simultâneo em mais de 50 países do filme Home – Nosso planeta, nossa casa pode perceber os impactos do aquecimento climático nas diversas regiões do planeta). Estas mudanças vêm gerando, entre outras conseqüências, um aumento das áreas desertificadas – em 2006, segundo a ONU, 41% do território mundial era formada por áreas secas, como o semi-árido nordestino. Estas regiões abrigam 2 bilhões de habitantes!

A agenda está colocada: políticas emergenciais de distribuição de alimentos sob coordenação dos órgãos multilaterais, financiamento em tecnologia agrícola e um novo padrão de desenvolvimento que agregue sustentabilidade, distribuição de renda e direito universal à alimentação para todo cidadão.

Rio, 20/06/2009

*João Guerreiro é economista e integra a coordenação da Ação da Cidadania

Texto retirado de www.acaodacidadania.com.br em 27/07/2009.